As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis... relações construídas
Tania Maria Esperon Porto
Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Educação
Na introdução é feita uma análise sobre a ilusão que a tecnologia cria, de uma sociedade igualitária visto que mesmo com a massificação das novas tecnologias e dos meios de comunicação nem todos possuem acesso a estes. Assim são criados consumidores efetivos e consumidores imaginários que reforçam os objetivos do mercado.
A autora propõe refletir sobre as relações entre as tecnologias e a ação educativa escolar, o processo de formação docente na escola com o uso de tecnologias, mais especificamente, da comunicação. Ela considera estas tecnologias não apenas como equipamentos e/ou ferramentas, mas como um conjunto de processos usados em interação entre pessoas, que põem em discussão questões individuais, referentes aos interesses e subjetividades dos sujeitos, e questões coletivas, referentes aos contextos socioculturais dos indivíduos. Assim, as tecnologias de informação e/ou comunicação possibilitam ao indivíduo ter acesso a uma ampla gama de informações e complexidades de um contexto (próximo ou distante) que, num processo educativo, pode servir como elemento de aprendizagem, como espaço de socialização, gerando saberes e conhecimentos científicos.
Porto expõe observações sobre o potencial educativo de alguns elementos que pertencem a essas novas tecnologias: rapidez, recepção individualizada, interatividade e participação, hipertextualidade, realidade virtual e digitalização/ideologia.
A escola passa, segundo a autora, por algumas modificações: ela deixa de ser o centro do conhecimento e torna-se o centro de reconhecimento e articulação de múltiplos conhecimentos e informações que circulam, usualmente, para orientar os educandos sobre a forma de como associá-los para seus fins de aprendizado.
Professores e alunos, imersos nas culturas dos meios de comunicação, trazem para a escola temas aí presentes, com pontos de identificação com seus cotidianos culturais. A convivência com os jovens estudantes e os trabalhos realizados com os docentes e tecnologias/meios de comunicação evidenciaram a importância educativa de um recurso que a escola tem deixado de utilizar: a própria vida.
Ao contrário do que acontece com os textos escolares, os meios de comunicação lidam com nexos entre pessoas, palavras, imagens e sons que são compreendidos e desfrutados pelos sujeitos pelas vias da sensibilidade antes de chegar ao intelecto.
Assim, por ser dinâmico e multissensorial o universo dos jovens, o trabalho com imagens dos meios tecnológicos de informação e comunicação possibilita-lhes a gratificação sensorial, visual e auditiva, permitindo-lhes que estabeleçam associações entre fatos e vivências.
O trabalho escolar com as tecnologias de comunicação e informação supõe mudar a ordem do processo educativo, no qual, tradicionalmente, o professor decide arbitrariamente o que ensinar. Segundo essa postura, a decisão não é só sua; depende de articulações entre professor e alunos, e destes com as tecnologias, através das “múltiplas situações e cenários da vida cotidiana [...] fazendo com que a aprendizagem seja resultante de um processo significativo e relevante para o sujeito” (Orozco, 2002, p. 68).
Assim, a escola, ao utilizar temas do cotidiano discente e linguagens tecnológicas e comunicacionais em processos de formação docente:
• trabalha com um material que faz parte do dia-a-dia dos sujeitos escolares e é agradável a eles;
• introduz a vida na escola, chegando por meio de textos imagéticos às inquietudes, interesses e dúvidas de professores e alunos sobre temas vitais;
• envolve os docentes em experimentações pedagógicas com novas linguagens;
• faz aflorar percepções e situações vividas no dia-a-dia, que interferem em sua prática profissional;
• propicia aprendizagens para além das racionalidades, envolvendo sensibilidade, intuição, emoção e desejo;
• possibilita interação entre os professores, destes com os estudantes, e de ambos com os conhecimentos escolares e as tecnologias;
• aumenta o poder de decisão e de criação dos sujeitos;
• colabora não só com a formação do sujeito crítico, mas conduz à formação do cidadão crítico.
Artigo completo disponível: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a05v11n31.pdf - acesso em (22/05/2010)