quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A EVOLUÇÃO DA GEOGRAFIA ESCOLAR NO BRASIL



O conhecimento geográfico, mesmo antes da institucionalização da Ciência Geográfica em meados do século X!X, já estava sendo divulgado no ensino e nas escolas. Havia necessidade de conhecimento de regiões ainda não efetivamente ocupadas, suas características e outros fatores de cunho geográfico que eram repassados nas escolas da época para a formação de “cabeças pensantes” que atuavam nas atividades econômicas que permeavam a conjuntura da época.
Este conhecimento, até então, não era produzido e reproduzido por geógrafos nas universidades, haja visto que a Geografia, enquanto ciência, dava seus primeiros passos. Porém existia, sim, uma caracterização descritiva das paisagens, muito bem feita na literatura e por viajantes de algumas regiões. Este conhecimento geográfico, no caso brasileiro, auxiliou no processo de interiorização das atividades econômicas e da população pelo território nacional, pois estes chegavam às novas áreas com algum conhecimento sobre as mesmas. É plausível, portanto, afirmar que o conhecimento geográfico, mesmo que ainda não institucionalizado como matéria ou disciplina no ensino escolar, contribuiu para a interiorização, fixação e desenvolvimento de atividades econômicas e pessoas no Brasil ainda no século XIX e início do século XX.
Com a dinamização econômica surgiu à necessidade de novas escolas para a formação de pessoas aptas a desenvolver as “novas” atividades econômicas estabelecidas no país.
Ainda no final do século XIX e início do século XX as escolas existiam para atender às necessidades de uma economia em transformação. Era necessário, por exemplo, que o ferreiro tivesse certas habilidades, conseguidas na escola, para que sua profissão pudesse atender as necessidades mercadológicas.
Assim as escolas vão surgindo no Brasil, não em grande número e nem em todas as vilas e cidades, mas para atender locais onde havia mais população e uma economia organizada.
Estas escolas, porém, não respondiam a uma legislação específica, ou seja, não havia organização jurídica que às regulamentassem e às norteassem. Devido a distância entre uma e outra, visto que o Brasil ainda era formado por um pequeno número de “ilhas urbanas”, não havia muito contato entre uma escola e outra, fazendo com que estas fossem praticamente isoladas.
Outro tipo de ensino muito praticado ainda no início do século XX era o ensino doméstico, ou seja, a educação, a alfabetização e os cálculos fundamentais aconteciam em casa por um membro que havia frequentado a escola. Existiam, ainda, escolas confessionais, mantidas por instituições religiosas que possuíam grande destaque.
Na década de 1920 surge à idéia, inspirada em um modelo ianque, da Escola Nova que propõe uma reformulação no sistema educacional, defendendo uma escola laica, democrática e gratuita. Nesta década aconteceram diversas revoluções e transformações, tal qual a Semana da Arte Moderna de 1929. Fica marcado também o grande embate sobre a educação entre os conservadores, ligados às escolas confessionais e contra qualquer proposta a favor de uma reforma de ensino, e os reformistas que defendiam a escola nova.
Existiram, ainda na década de 1920, reformas educacionais importantes, limitadas a alguns estados, como SP, CE, BA, PE, MG e DF que combatiam o caráter tradicional do ensino e propunham uma modernização do mesmo.
Em 1924 foi criada a ABE (Associação Brasileira de Educação) que possibilitou o diálogo entre as escolas e educadores que puderam assim analisar e debater os principais problemas do ensino no país.
Na década de 1930 importantes transformações ocorreram no campo da educação brasileira. Foi criado o Ministério da Educação e Saúde que buscou a unificação cultural no país, regulamentou as universidades e reorganizou o ensino secundário no país.
As contribuições da Escola Nova, porém, não serviram para renovar, efetivamente, o ensino no Brasil.
A Constituição de 1934 procurou assegurar um plano nacional para a educação, como estabelecimento de diretrizes educacionais, recursos mínimos para a educação entre outros. Esta legislação nunca foi amplamente aplicada e a escola continuava com as dificuldades encontradas ainda no século anterior.
É em 1934, também, que surge a Universidade de São Paulo (USP) e assim inicia-se efetivamente a formação de geógrafos no Brasil.
Os formados em geografia nas instituições de ensino superior não eram suficientes para atender a demanda existente da necessidade de professores nas escolas, e por muito tempo profissionais de outras áreas ficaram encarregados do ensino de Geografia no país. Isto fez com que o ensino da disciplina não fosse satisfatório, pois a geografia em sala de aula não acompanhava a geografia produzida nas universidades.  Dentro das universidades existia o embate entre diferentes correntes geográficas o que distanciava ainda mais a geografia da população geral.
O ensino de Geografia escolar ministrado por profissionais formados nesta ciência é, portanto, recente no Brasil e ainda é possível verificar casos onde o professor de geografia não tem o curso superior nesta área. Isto faz com que a geografia escolar não seja efetiva no sentido de análise de seu objeto de estudo e muitas vezes não cumpra seus objetivos.
Mesmo entre os graduados na área, por existir inúmeras correntes do pensamento geográfico não existe um padrão “do que” e “como” se é ensinado.
O desenvolvimento do ensino de Geografia deve ser pautado não somente nas discussões acadêmicas ou somente no cotidiano do professor da educação fundamental e média. Existe a necessidade do diálogo entre os profissionais atuantes nos diferentes níveis de ensino de Geografia, para que o ensino não fique separado da pesquisa e a pesquisa do ensino.
É necessário que a Geografia seja um instrumento de interpretação e compreensão da realidade para que esta possa ser transformada. Por isso é importante manter a conexão entre as diferentes escalas de análise geográfica para que o aluno não seja somente um receptor de informações, haja visto que o conhecimento estéril não o leva a transformação da realidade.

sábado, 29 de maio de 2010

TIC's na Escola

Resenha:

As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis... relações construídas
Tania Maria Esperon Porto
Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Educação

Na introdução é feita uma análise sobre a ilusão que a tecnologia cria, de uma sociedade igualitária visto que mesmo com a massificação das novas tecnologias e dos meios de comunicação nem todos possuem acesso a estes. Assim são criados consumidores efetivos e consumidores imaginários que reforçam os objetivos do mercado.
A autora propõe refletir sobre as relações entre as tecnologias e a ação educativa escolar, o processo de formação docente na escola com o uso de tecnologias, mais especificamente, da comunicação. Ela considera estas tecnologias não apenas como equipamentos e/ou ferramentas, mas como um conjunto de processos usados em interação entre pessoas, que põem em discussão questões individuais, referentes aos interesses e subjetividades dos sujeitos, e questões coletivas, referentes aos contextos socioculturais dos indivíduos. Assim, as tecnologias de informação e/ou comunicação possibilitam ao indivíduo ter acesso a uma ampla gama de informações e complexidades de um contexto (próximo ou distante) que, num processo educativo, pode servir como elemento de aprendizagem, como espaço de socialização, gerando saberes e conhecimentos científicos.
Porto expõe observações sobre o potencial educativo de alguns elementos que pertencem a essas novas tecnologias: rapidez, recepção individualizada, interatividade e participação, hipertextualidade, realidade virtual e digitalização/ideologia.
A escola passa, segundo a autora, por algumas modificações: ela deixa de ser o centro do conhecimento e torna-se o centro de reconhecimento e articulação de múltiplos conhecimentos e informações que circulam, usualmente, para orientar os educandos sobre a forma de como associá-los para seus fins de aprendizado.
Professores e alunos, imersos nas culturas dos meios de comunicação, trazem para a escola temas aí presentes, com pontos de identificação com seus cotidianos culturais. A convivência com os jovens estudantes e os trabalhos realizados com os docentes e tecnologias/meios de comunicação evidenciaram a importância educativa de um recurso que a escola tem deixado de utilizar: a própria vida.
Ao contrário do que acontece com os textos escolares, os meios de comunicação lidam com nexos entre pessoas, palavras, imagens e sons que são compreendidos e desfrutados pelos sujeitos pelas vias da sensibilidade antes de chegar ao intelecto.
Assim, por ser dinâmico e multissensorial o universo dos jovens, o trabalho com imagens dos meios tecnológicos de informação e comunicação possibilita-lhes a gratificação sensorial, visual e auditiva, permitindo-lhes que estabeleçam associações entre fatos e vivências.
O trabalho escolar com as tecnologias de comunicação e informação supõe mudar a ordem do processo educativo, no qual, tradicionalmente, o professor decide arbitrariamente o que ensinar. Segundo essa postura, a decisão não é só sua; depende de articulações entre professor e alunos, e destes com as tecnologias, através das “múltiplas situações e cenários da vida cotidiana [...] fazendo com que a aprendizagem seja resultante de um processo significativo e relevante para o sujeito” (Orozco, 2002, p. 68).
Assim, a escola, ao utilizar temas do cotidiano discente e linguagens tecnológicas e comunicacionais em processos de formação docente:
• trabalha com um material que faz parte do dia-a-dia dos sujeitos escolares e é agradável a eles;
• introduz a vida na escola, chegando por meio de textos imagéticos às inquietudes, interesses e dúvidas de professores e alunos sobre temas vitais;
• envolve os docentes em experimentações pedagógicas com novas linguagens;
• faz aflorar percepções e situações vividas no dia-a-dia, que interferem em sua prática profissional;
• propicia aprendizagens para além das racionalidades, envolvendo sensibilidade, intuição, emoção e desejo;
• possibilita interação entre os professores, destes com os estudantes, e de ambos com os conhecimentos escolares e as tecnologias;
• aumenta o poder de decisão e de criação dos sujeitos;
• colabora não só com a formação do sujeito crítico, mas conduz à formação do cidadão crítico.

Artigo completo disponível: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v11n31/a05v11n31.pdf - acesso em (22/05/2010)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Plano de Aula

PLANO DE AULA

Disciplina: Geografia

Professor: Luiz Manchini

Série: 5ª séries.

Número de Aulas: 4 aulas.

OBJETIVOS
Identificar os pontos referenciais do Distrito de Guaravera bem como o percurso utilizado pelos alunos no trajeto escola/casa.

CONTEÚDOS
Representações cartográficas;
Elementos de um mapa.
Orientação no Espaço (Pontos cardeais e colaterais)

MATERIAIS E RECURSOS NECESSÁRIOS
Mapa Mudo do distrito de Guaravera (modelo anexo)
Lápis de cor
Bússola

METODOLOGIA

Aula 1:

Em sala de aula, os alunos receberão o mapa de Guaravera e deverão localizar primeiramente as ruas conhecidas por eles. Depois encontrarão os pontos de referência existentes no Distrito elencados na legenda do mapa, bem como sua casa. Os mesmos pintarão as quadras onde se encontram os respectivos pontos assim como sua legenda. Após o preenchimento do mapa, com a bússola em mãos os educandos serão motivados a encontrar a orientação de sua residência, a rodoviária, o cemitério e outros pontos em relação ao colégio. Nesta mesma aula os alunos receberão um bilhete pedindo autorização dos pais para saída do colégio para trabalho de campo na área urbana do distrito assim como as orientações necessárias ao bom andamento da atividade extraclasse.

Aulas 2 e 3:
Em campo será realizado o preenchimento das ruas desconhecidas, a conferência do mapa realizado pelos alunos, verificando o esquecimento ou o preenchimento incorreto dos pontos no mapa.

AVALIAÇÃO

Aula 4:
Em sala de aula será realizado um debate sobre o que os mesmos puderam reconhecer no distrito e aprender sobre o mesmo.